Lembram-se do Conto Pingue-Pongue, que estou a escrever com a Maria das Palavras?
Após algum tempo de pausa deste projeto, revelo-vos finalmente a Parte VI. O Natal começa a invadir os estabelecimentos comerciais, as nossas casas e até mesmo a blogosfera. Chegou o momento de chegar também ao nosso conto pingue-pongue!
A São e a Madalena - Parte I (Maria das Palavras)
A São e a Madalena - Parte II (BB)
A São e a Madalena - Parte III (Maria das Palavras)
A São e a Madalena - Parte IV (BB)
A São e a Madalena - Parte V (Maria das Palavras)
A São e a Madalena - Parte VI
As palavras escapavam das bocas das jovens a uma velocidade demasiado lenta, comparativamente à dos seus pensamentos. A ânsia de contar cada novidade era tanta, que nem indicaram o destino ao taxista.
- Minhas senhoras! – gritou o condutor, já impaciente.
Sobressaltadas, miraram-no e, após um pedido de desculpas, São pediu que as conduzisse até ao Café Central. As amigas de longa data entreolharam-se, partilharam sorrisos cúmplices e voltaram a embrenhar-se nas suas conversas, desconhecendo que um SEAT Leon preto as seguia durante todo o percurso.
À noite, já o relógio apontava para lá das onze horas, São descrevia cada um dos seus colegas aos pais e à irmã. Prometeu-lhes que traria brindes do hotel, quando voltasse a Portugal. Não mencionou Esteban. Iriam julgar que se estava precipitar.
Destapou-se da manta castanha que a cobria e saiu até à rua, que a convidava a vestir um casaco mais quente. Afagou os pelos do Virtudes, o cão que a família acolhera no outono de 2012, na tentativa de pôr de parte os insistentes pensamentos acerca da atitude repreensível de São. Não a imaginava capaz de trair. E sentia tanta comiseração por Tomás, talvez um dos rapazes mais bondosos que já conhecera…
Estou em casa delas. Estão para ali no sofá com a família. Ouve, quero tudo pronto amanhã, quando a vaca chegar. Garante que a levas para tua casa. Estamos entendidos, Esteban?
Madalena espreitou de imediato na direção da voz que acabara de ouvir, escondendo-se fugazmente atrás do jipe do pai. Conseguiu ver Artur entrar no carro preto, com uma confiança e um sorriso nos lábios que não conseguia reconhecer, e deu por si a tremer freneticamente, enquanto observava o carro a afastar-se. Não sabia se tremia de frio ou de medo.
A quase 900 quilómetros dali, Esteban arrependia-se da embrulhada em que se metera. Conhecera Artur, um aluno português que chegara à sua faculdade através de um programa de mobilidade internacional, e ficara a dever-lhe um favor, por razões que preferia não recordar.
Inicialmente, o plano que lhe fora proposto parecera-lhe facilmente executável. Já tinha pensado em procurar oportunidades de emprego em Valência e ser obrigado a ter uma companhia feminina não seria desagradável. “Só quero que ela saiba a merda que é ser abandonado sem uma única justificação”, garantira-lhe Artur. Porém, Esteban deixou-se encantar pela rececionista do hotel, assim que esta o atendera com olhar meigo e sorriso genuíno.
Sentia agora as pernas fracas e a visão turva, enraivecido pelo recente pedido de Artur. Suspeitava que a véspera de Natal não iria ser pacífica.
(continua...)
Reação da Ti Joaquina, uma fiel (e fictícia) leitora do Bata&Batom:
. A São e a Madalena - Part...