Vi um curto vídeo da mais recente edição do Ídolos, talvez há duas semanas, e chegou para perceber que não acompanharia o concurso. Achei que faltava sal (para não dizer “conhecimentos musicais”) a alguns elementos do júri. E não sou fã da Liliane Marise. Os comentários foram mesmo fracos, fracos. É que nem encontro outra palavra para os descrever.
Como é costume fazer quando algo me desagrada, limitei-me a ignorar o assunto. No entanto, ao atualizar-me no facebook, deparei-me com uma crítica a algo realmente vergonhoso:
Para os responsáveis por esta edição de vídeo, uma salva de… vómitos.
Como é possível que um programa televisivo recorra a estratégias de tão baixo nível para captar a atenção dos espectadores? Tão, mas tão RIDÍCULO.
Já estamos habituados a que algumas críticas sejam menos favoráveis e a verdade é que certas criaturas deviam ouvir uma gravação da sua linda voz antes de participarem. Mas não estamos à espera (pelo menos, eu não estou) que o aspeto físico dos concorrentes seja criticado. Apontar o dedo a características anatómicas de alguém, diante milhares de espectadores, simplesmente ultrapassa os limites do bom senso.
Desconheço e idade (e a identidade) do génio que se lembrou de implantar as orelhas aumentadas ao rapaz, mas eu julgo que com os meus 6 ou 7 anitos já tinha perfeita noção de que somos todos diferentes, que essas diferenças nos caracterizam e que, sobretudo, devem ser respeitadas.
Mais uma grande salva de vómitos em honra desta atitude. Excelente.
Um filho meu, se tivesse o mau gosto de querer assistir a um espetáculo pindérico, ia de regional. No máximo.
Provavelmente, já espreitaram a página especial fim de ano que o SAPO Blogs criou, com O Melhor de 2014. Se ainda não a visitaram, não deixem de o fazer. Lá, encontrarão sugestões de filmes, leituras, álbuns, séries televisivas, restaurantes, objetos e... coisas!
Quando fui desafiada a escolher a coisa que mais contribuiu para a melhoria das nossas vidas neste ano, tentei ser uma boa menina e responder sucintamente ao que me pediram. Mas uma pitada de ironia, acompanhada de algum otimismo, obrigou-me a mencionar o que pode ter sido o pior de 2014. Tem vindo a piorar há já alguns anos, verdade seja dita. E sabe-se que nunca foi excelente, sobretudo se a compararmos com a de determinados países. Mas sejamos sinceros: a televisão portuguesa está uma valente merd caca.
E foi esta frustração que deu origem à escolha da melhor coisa deste ano:
"Esplêndida" transforma-se em "limitadora", se tirarem a cortina de sarcasmo que coloquei nesta afirmação. E porquê "limitadora"? Fácil: pretende apenas agradar aos amantes de play-back de música popular, de brejeirice, de ficção portuguesa e, nas raras ocasiões em que a minha TV tem o azar de estar ligada nesses canais, sofro danos auditivos.
Acredito que grande parte das apresentadoras portuguesas tenha feito um curso intensivo de "Como aumentar os décibeis do seu discurso" com nota máxima. Exprimem-se como se todos os espectadores tivessem idade superior a 70 anos. Como se os velhinhos não pudessem aumentar o som da sua televisão. Como se fosse necessário guinchar para ser apresentadora televisiva. O que elas não sabem é que a presbiacúsia (perda de capacidade auditiva associada ao envelhecimento) se manifesta principalmente pela incapacidade de ouvir os agudos! Então quem leva com os guinchos histéricos, quem é?! Pois.
Não peço que a TVI deixe, subitamente, de apresentar noticiários com erros ortográficos ou que apaguem a casa dos degredos da memória dos portugueses, mas não seria possível melhorar e, sobretudo, criar alguma variabilidade na programação portuguesa?
Mas já que devemos tentar assumir uma atitude otimista mesmo perante as situações mais deprimentes, tive que concluir que uma vantagem da fraca qualidade da programação televisiva é a maior disponibilidade para visitar a blogosfera. Lá diz o ditado que "há males que vêm por bem"!
. Ligo a TV e deparo-me com...
. A melhor (ou a pior?) coi...