Não me refiro ao programa dos investidores, mas sim ao que me espera no fim do curso. Por enquanto, estou sossegadinha no meu canto, mas assisto aos ataques que um dia também virei a sofrer.
Realmente, como é que os médicos acham que têm direito a folgas e férias? Não têm olhos na cara? Desde quando acham que podem ter família?
E depois, sem neurocirurgiões de serviço, acontece o que aconteceu. Realmente, como é que há quem se indigne por trabalhar fora do seu horário laboral?!
O SNS está fantástico, tudo bem organizado, médicos contratados em quantidade suficiente, pagos em quantidade mais do que suficiente…… Oh, oh, e depois os senhores doutores não querem trabalhar!
Médicos. É que não há paciência para esses ranhosos… E quando vão comer ou vão à casa de banho e os doentes estão na sala de espera!
Olha, ali vai a dótora, vai passear e nós aqui à espera!
Pois, claro, os médicos deviam usar fralda.
Compreendo a parte de quem espera, claro que compreendo. Sou mais utente do que médica, também tenho problemas, também fico com o rabo quadrado à conta das cadeiras das salas de espera. E, sim, imagino o desespero, a frustração, o desabar do mundo dos familiares do rapaz que poderia ter sido salvo.
Mas algum dia tinha de acontecer algo grave, para abrirem os olhos. Seria justo obrigar alguém a trabalhar mais do que é aceitável por estar sob chantagem implícita?
Se não vais trabalhar, morre alguém......
Queres que morra alguém? Queres, queres??
Posso dizer que, desta "fornada", sairá uma médica convicta dos seus deveres, mas também dos seus direitos. E não abdicarei da minha vida para salvar o mundo com mais dois ou três escravos, enquanto os superiores ficam a tomar decisões enviesadas.
Se os médicos falham é sobretudo em quantidade. E isso não depende deles. Na realidade, estão entre a espada - o povo que vomita comentários incultos por aí – e a parede – o SNS.
. Quase a chegar ao tanque ...