O mar está gelado. O dia é frio. Ou então é quente. Há nuvens, que chatice. Ou então não há nuvens e está um dia de sol que não se aguenta. Raios. Estás pouco bronzeado. Ena pá, apanhaste um escaldão. A areia queima os pés. E mete-se em todo o lado. No saco. No carro. Talvez até no telemóvel. Porra, areias.
E são estes os principais queixumes de quem frequenta praias…
Até ao dia em que chega à areia um miúdo morto.
“Naufrágio da humanidade”, chamam-lhe. Surgem as chocantes capas de jornais e os cartoons certeiros. Mas não surge a paz. E pouco nos adianta desejar que os monstros responsáveis por isto se engasguem com o foie gras ou o champanhe ao ver as notícias, que criaturas com tamanha insensibilidade não têm consciência de nada para além dos seus macabros objetivos.
Afirma-se que o mundo é uma aldeia, porém as fronteiras são, na verdade, implacáveis. Tentam deitar areia para os nossos olhos, onde elas nos causam mais desconforto.