Pediram-me que te dedicasse uma carta. A ti, que me amas e tens partilhado comigo tantas, mas tantas experiências. A ti, que inquestionavelmente tens sido a minha maior companhia. E não imaginas como é estranha a sensação de expor aqui estas palavras, diante de todos.
Mas é com confiança que afirmo que me amas. Nunca duvidei. Nunca. O nosso quotidiano está longe de ser monótono e é contigo que partilho a cama todas as noites, sem exceção. Sabes perfeitamente que me pões a pele em brasa e me deixas a arfar. Contigo perco o controlo e fazes o que queres de mim.
Tu, ó infernal rebanho de ácaros que me acompanha para qualquer local, ofereces-me tão amorosamente eczemas e crises de asma. Surpreendes-me com essa obsessãozinha parva que tens por mim. Tu, seu conjuntinho irritante de bichos irritantes que me faz levar uma irritante vacina todos os meses, és um grandessíssimo chato. Achas que me completas, mas... Ouve, já não te aguento.
Eu sei que me amas, eu sei... Mas vai tentar a tua sorte com outra, que eu não quero ficar presa a esta relação disfuncional para toda a vida, ok?
Cumprimentos,
BB
(Outras histórias de amor aqui e aqui)
Com tantas referências a este dia, foi inevitável dar comigo a pensar no assunto, durante a viagem de comboio.
Não pensei muito muuuuito (tinha acabado de sair de uma oral de cirurgia, portanto os neurónios não estavam propriamente fresquinhos), mas deu para concluir que, na minha opinião, um bom adulto tem que conseguir manter um pouco da criança que já foi, para ser um indivíduo interessante. Tem que se rir de parvoíces, ser espontâneo e ter um pingo de irresponsabilidade (atenção: um pingo não é um balde!). Tem que ser chato às vezes, só às vezes, para quebrar a monotonia.
E é com base nessa crença que me permito ser criança, não raras vezes, e ainda faço coisas deste género aos meus pais (ver vídeo até ao fim).
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