Segunda-feira, 18 de Agosto de 2014

Ingratidão

Cheguei à praia e, contra todos os rituais que cumprimos antes de nos instalarmos na toalha, vesti a camisola. (Bendita camisola que ficou no carro por esquecimento, há dias.)

  

Como eu imaginei que seria a minha tarde:

   

Como realmente foi:

  
(A 43 e picos teve mais sorte que eu! Vejam a diferença!)

  

E lá estava eu, vestida. Logo hoje, que tinha acabado de descobrir que me enquadro na "tendência" deste verão. Chamam-lhe biquini bridge. Não me convenceram e continuo a achar que as cuecas daquele biquini estão simplesmente um pouco largas. 

 

E quase deixei escapar algumas lágrimas.

  

Mas não foi devido ao mau tempo, a modas parvas ou a outras outras insignificâncias. Uma voz diferente captou a minha atenção. Olhei em volta e reparei que provinha de uma senhora com graves problemas de fala. Comunicava com o filho através de uma linguagem que, para mim, representava apenas um conjunto aleatório de sons.

 

Admirei-os e senti-me desiludida comigo mesma, por ter preocupações tão superficiais. Com ou sem nuvens, tenho toda a liberdade para dialogar com alguém, sem que cada frase pronunciada se traduza num obstáculo.

  

publicado por BataeBatom às 22:30
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22 comentários:
De José da Xã a 18 de Agosto de 2014
Quanto à praia gosto dela de qualquer maneira. Até a chover (já me aconteceu).
Quanto aos outros eles comunicam como qualquer um de nós. E ralham e desconversam. E têm também palavras bonitas que não soletram mas exprimem... com gestos.
É obviamente uma forma estranha de comunicar. Mas só para nós.
De BataeBatom a 19 de Agosto de 2014
É um hábito, sim... E, entre família e amigos, não devem estranhar. Felizmente, temos uma grande capacidade de adaptação. :)

O pior deve ser falar com alguém desconhecido, que não está acostumado às palavras diferentes e aos sinais. Imagino a frustração de querer transmitir uma ideia e o outro não a entender. Não pude evitar ficar emocionada...
De 43epicos a 18 de Agosto de 2014
B&B, desculpa incomodar-te com questões profissionais e técnicas, mas tenho de te dizer que acabaste de me dar uma injeção!!!...
...ao ego :) :) :) obrigada :)

Brincadeiras à parte, e quanto à última parte do teu post, sei [por experiência própria] o quanto é difícil a integração na diferença, mas fizeste o que tinhas a fazer, refletiste, respeitaste, e por certo agradeceste, nem que seja por esta partilha.
De BataeBatom a 19 de Agosto de 2014
Ahaha de nada! :) o contraste entre as nossas nossas fotos tinha que ser mencionado! Além disso, o teu blog é digno de partilha! ;)

Sim, sou bastante sensível às diferenças e tenho o hábito de me colocar no lugar do outro. Faço-o desde criança, para tentar ser o mais compreensiva possível... E depois acontece isto. Emociono-me...
Mas antes assim do que insensível! :P
De 43epicos a 19 de Agosto de 2014
Bem haja por tal :)
De Paulo Vasco Pereira a 19 de Agosto de 2014
Considero pertinente a minha intervenção aqui, pela majestosa interação da 43epicos.

Ao ler a tua publicação, o primeiro pensamento que me ocorreu foi "Será uma excelente médica".
Sim, é preciso sabermos colocarmo-nos no lugar dos outros para melhor os entender. Sim, é preciso respeitar porque fácil é dizer "eles entendem-se" e em nós centralizarmos a nossa atenção. Diferentes são os problemas da linguagem e da fala. Também diferentes são as suas causas. Neste caso, parece-me que não te referes a um caso de uma portadora de surdez que procura fazer-se entender por um filho ouvinte. Mesmo se assim fosse, o filho tem que aprender linguagem gestual. Existem situações de deficiência, incluindo a mental, na qual a fala é afetada. Alguns filhos entendem, até certo ponto. Por acaso, há 2 anos, tive uma aluna, numa turma PCA, durante 2 anos, que em nada parecia filha de pais tão afetados. E destaque-se, carinhosos com ela. Mas talvez por isso, muito pouco ajudados economicamente. Era frequente vê-la com os bolsos do casaco cheios de pães, da cantina, que levava para os pais pois "eles gostam muito", como dizia.
Contudo, outras situações há. Pessoas que operadas foram, para remoção de um tumor e quase não se conseguem expressar, casos de síndromas e tantos outros. Não merecem sim a nossa pena porque "ter pena é não gostar de alguém" (A Insustentável Leveza do Ser".
De BataeBatom a 19 de Agosto de 2014
Essas pessoas que referiste merecem que as tratemos de forma natural, sem nos focarmos apenas nas diferenças...
O caso que presenciei pareceu-me ser de uma senhora sem problemas auditivos. Mas se os tivesse, tens toda a razão: o filho iria aprender linguagem gestual (quem sabe, ainda antes de saber falar! :P).

Fico muito lisonjeada por acreditares que vou ser uma boa profissional! Também deduzo que sejas um professor com muita sensibilidade para lidar com os jovens.
Beijinhos :)
De Paulo Vasco Pereira a 19 de Agosto de 2014
E deves sentir-te lisonjeada. Pena não poderes disseminar essa sensibilidade por alguns colegas teus não só da tua área, como também de outras, incluindo a minha. Bem, há quem diga que as mais importantes são a saúde e a educação...
O meu médico preferido e sempre com a agenda lotada deve-o, em meu entender, sobretudo à atenção e sensibilidade com a qual recebe os doentes. Para mim acresce, a explicação detalhada da doença. Sinceramente, tenho 99% de certeza da tua competência. Ouso mesmo afirmar que seguiste medicina por vocação. Apesar de grande defensor dos sentimentos, há que estar atento a este envolvimento em contexto profissional, por forma a evitar o síndroma de Burnout. Creio que vocês tem preparação para tal. Nós professores não. Então, quando estive na Educação Especial, quando esta correspondia àquilo que gostava, podendo trabalhar com casos de droga, violação, etc, etc, deparei-me com este Síndroma. Demorei tanto para o superar. Foram anos! Porém, continuo a agir de acordo com o meu coração sem me arrepender. E os blogues são excelentes para aliviar a alma. Aqui fica uma dica
De BataeBatom a 19 de Agosto de 2014
Obrigada pelos elogios. :)
Já fomos alertados para o Burnout, sim... O envolvimento emocional, os horários incertos e variáveis e o contacto constante com pessoas com dificuldades são fatores que o podem desencadear.

Também os professores, principalmente se trabalharem com esses casos que referiste, podem ter a tendência a envolver-se demasiado. Espero conseguir deixar o trabalho para trás, quando for para casa, de forma a evitá-lo.
Deves ter tido uma dura batalha, mas fico muito feliz por ter sido superada!!! :)
De A rapariga do autocarro a 19 de Agosto de 2014
Eu sou igual, às vezes acho que devia ter uns óculos de sol maiores para não verem as lágrimas...
Agora a minha praia...já entrei com o pé esquerdo nas férias!
De BataeBatom a 19 de Agosto de 2014
Como já disse em cima, "antes assim do que insensível"! ;D

(A tua praia deve ser próxima da minha... :P)
De Sofia Margarida a 19 de Agosto de 2014
Oh que raio de tempo :P
Em relação á tal senhora, como já li nos comentários, tenho a mesma opinião, eles apenas comunicam de forma diferente, para nós é que é estranho. A única dificuldade que encontram são algumas bestas quadradas que os fingem não entender ou simplesmente gozam com eles.
De BataeBatom a 19 de Agosto de 2014
Há casos em que podemos não entender verdadeiramente o que alguém com esse tipo de limitações nos diz, mas certas pessoas nem fazem o mínimo de esforço, como referiste! É triste...
De r i t i n h a a 19 de Agosto de 2014
Infelizmente é quando estamos de férias que o mau tempo nos atraiçoa!

Boas férias e melhorias de bom tempo =P
De BataeBatom a 19 de Agosto de 2014
É verdade! Mas logo de seguida tive um exemplo claro de que isso não é assim tão importante... :)

Obrigada e igualmente! :D
De Nathy ღ a 19 de Agosto de 2014
Costuma-se dizer que existe sempre alguém com um problema maior do que o nosso... As pessoas comunicam de tantas maneiras, essa é apenas uma delas. Se calhar até comunicam melhor do que nós que aparentemente falamos bem. Outras realidades...

Opahhh basta vires para cascais que apanhas bons dias de praia. Não me importo de trocar contigo :D
De BataeBatom a 19 de Agosto de 2014
É verdade. :)
Ahaha, obrigada pela proposta! :P
Não vou precisar de aceitar, uma vez que já tenho uns diazitos programados para passear pela capital, durante a próxima semana! :D
De Maria das Palavras a 19 de Agosto de 2014
Ficou a valer a pena a ida à praia. Nem que fosse pela lição de vida :)
De BataeBatom a 19 de Agosto de 2014
Totalmente verdade. :)
Além disso, o mar continuou a prendar-me com aqueles sons de fundo relaxantes... :P
De:
Anónimo
Data:
19 de Agosto de 2014 às 13:09
De BataeBatom a 19 de Agosto de 2014
Mesmo! :P
Podemos ver um grande contraste entre as fotos... xD
Mas foi uma tarde agradável na mesma!

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